FILOSOFIA E PSICANÁLISE
Teoria, clínica e cultura
A Faculdade da Amazônia (FAMA), sediada na cidade de Vilhena-RO, na rua Walisson Júnior Arrigo nº 2043, bairro Cristo Rei, recredenciada no Ministério da Educação pela Portaria nº 61, de 04 de fevereiro de 2021, em parceria com a Escola de Psicanálise de Curitiba (EPC) oferece ao público interessado especialização lato sensu em Filosofia e Psicanálise, com ênfase em suas interconexões com a prática clínica, e a cultura. O título da especialização é Filosofia e Psicanálise: teoria, clínica e cultura. Contaremos com a participação de pesquisadoras e pesquisadores renomados e reconhecidos internacionalmente, professores das pós-graduações de diversas universidades públicas do Brasil, como também professores que lecionam em Universidades localizadas na Europa, que primam pela psicanálise e pela ética psicanalítica com todo rigor teórico que sua transmissão exige.
Maiores informações:
- Prof. Dr. Pedro Henrique Ciucci da Silva – (11) 9 8533-70432
PROFESSORES CONVIDADOS:
Dr. Carlos Eduardo Moura-UNIP-CEPSI/APP
Dr. Francisco Bocca (PUCPR)
Dr. Pedro Henrique Ciucci da Silva
Dra. Thais Becker (FAMA)
Dra. Iasmim Martins: (PUC-Rio/ UFRJ)
Dra. Bibiana Godoi Malgarim (FAMA)
Dra. Michelle Bobsin Duarte (FAMA/UFRRJ)
Dra. Manuella Mucury Teixeira (UNB/PARIS VII – SORBONNE)
Dr. Eduardo Ribeiro da Fonseca (PUCPR)
Dr. Richard Simanke (UFJF)
Dr. Weiny Freitas Pinto (UFMS)
Me. Jéssica Kellen Rodrigues (UNICAMP)
Me. João Victor Ponciano (FAMA)
Me. Leonardo Zaiden Longhini (FAMA)
Me. João Paulo Severo da Costa (FAMA/EPC)
Me. Fabricio Andre Tavares (FAMA/EPC)
Me. Gabriela Vargas (FAMA)
Esp. Carolina Moreirão (FAMA/HOLANDA)
Esp. Lucas do Vale
Esp. Priscila Pereira
Esp. Julia Lainetti (FAMA/ FRANÇA)
Esp. Marcos Alexandre Simões (FAMA/EPC)
TEMAS DOS 30 MÓDULOS DO CURSO E SUAS RESPECTIVAS BIBLIOGRAFIAS:
1. NIETZSCHE E FREUD, POSSÍVEIS LEITURAS 25 e 26 de Fevereiro/2022
Neste módulo procuraremos abordar a problemática e enriquecedora conjunção Freud e Nietzsche, verificando até que ponto um enunciado nietzschiano soaria como detentor de algumas ressonâncias com o enunciado freudiano. Ao tecer o fio condutor de um lugar-comum entre o fundador da psicanálise e o filósofo Friedrich Nietzsche, o tema nietzscheo-freudiano poderá demonstrar a presença de uma certa cumplicidade entre o universo teórico da psicanálise com alguns aspectos da filosofia de Nietsche. Veremos, por fim, que estes dois pensadores da modernidade trazem epistemologias relevantes – e, de certa forma, dialógicas – para a compreensão de uma teoria sobre a vida e a cultura.
Ementa: Problematização da possível relação entre Nietzsche e Freud. Teoria ´´psicanalítica e a aproximação com o pensamento nietzscheano. Possíveis epistemologias para compreensão da cultura.
2. FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE I: INTRODUÇÃO À TEORIA FREUDIANA
Este módulo tem por objetivo, em um primeiro momento, apresentar o modo pelo qual a psicanálise renovou a compreensão dos fenômenos psicológicos e psicopatológicos desde 1891 (em Sobre a conceção das afasias: um estudo crítico) até 1900 (com A Interpretação dos Sonhos), procurando oferecer as principais noções e conceitos freudianos no movimento de seu pensamento correspondentes a esse período. Em um segundo momento, ofereceremos um panorama referente à reestruturação do aparelho psíquico, tangenciando os objetos de elaboração metapsicológicas sob a perspectiva da segunda tópica. Para este novo recorte, faremos um salto de 1900 para 1923 (com a obra O Eu e o Id).
Ementa: Fundamentos introdutórios da psicanálise freudiana. Introdução aos conceitos centrais da psicanálise desenvolvida por Freud. Panorama acerca do aparelho psíquico sobe a perspectiva da primeira e segunda tópica.
3. CONCEITOS PRINCIPAIS I: FORMAÇÕES DO INCONSCIENTE, SONHO, CHISTE E ATO FALHO
Ainda que a noção de inconsciente – enquanto existência de algo não pertencente ao consciente –, tenha sido objeto de reflexão de cientistas e filósofos anteriores à Freud, mostraremos que a psicanálise traz uma nova noção de inconsciente como sendo a região da vida psíquica que é movida por leis próprias de funcionamento. Freud não apenas estudou e conceituou o inconsciente de modo diferenciado de seus antecessores, mas também analisou essa dimensão da vida anímica estruturando-a sob três dimensões: a tópica, a dinâmica e a econômica. Preparado este primeiro momento, procuraremos refletir sobre algumas das principais formações do inconsciente, não só demonstrando a sua legitimidade teórica, mas apresentando-o como fator essencial de conhecimento para o campo prático. Com o sonho, o chiste e o ato falho, uma parte inconsciente da vida da alma se manifesta e se faz acessível à observação: memórias, sentimentos, afetos, representações, ainda que distorcidos, deslocados e desfigurados (recalcados), possibilitam uma apreensão do material inconsciente latente. Eis os temas que procuraremos aqui estudar.
Ementa: Abordagem do inconsciente a partir da leitura de Freud. Analise da vida anímica estruturado em três dimensões, a tópica, a dinâmica e a econômica. Analise dos conceitos de sonho, chiste e ato falho.
4. O MÉTODO PSICANALÍTICO E A ASSOCIAÇÃO LIVRE DE IDEIA
Pretendemos, neste módulo, remontar os caminhos da construção teórica e prática de um método de investigação e tratamento, passando pelas teorias vigentes sobre o normal e o patológico à época de Freud. Veremos o quanto a psicanálise vai se distanciando do discurso médico vigente, reconfigurando nova perspectiva sobre as noções de normal e de patológico que pesavam sobre o aparelho psíquico, construindo a especificidade de um caminho que percorreria dois grandes polos: do método catártico à noção de associação livre. Como veremos, o método psicanalítico pertence ao movimento do pensamento freudiano, sofrendo revisões, mudanças significativas, progressivas rearticulações e redefinições que reintegram os dados da experiência à lógica interna que, em cada período, sustenta a teoria. Deste modo, ao trabalharmos as noções de método psicanalítico, também mapearemos as modificações do pensamento freudiano a elas vinculadas, desde o período pré-histórico da psicanálise (fase da ab-reação e do método catártico) ao estabelecimento da regra fundamental da situação analítica (o associar livremente como tarefa fundamental da análise).
Ementa: Investigação acerca da construção teórica e pratica de um método de ser fazer psicanálise. Discussão sobre o normal e patológico. Abordagem do método catártico à associação livre de ideias.
5. PSICANÁLISE E HISTÓRIA: REFLEXÕES A PARTIR DO TEXTO TOTEM E TABU
Pretendemos, neste módulo, remontar os caminhos da construção teórica e prática de um método de investigação e tratamento, passando pelas teorias vigentes sobre o normal e o patológico à época de Freud. Veremos o quanto a psicanálise vai se distanciando do discurso médico vigente, reconfigurando nova perspectiva sobre as noções de normal e de patológico que pesavam sobre o aparelho psíquico, construindo a especificidade de um caminho que percorreria dois grandes polos: do método catártico à noção de associação livre. Como veremos, o método psicanalítico pertence ao movimento do pensamento freudiano, sofrendo revisões, mudanças significativas, progressivas rearticulações e redefinições que reintegram os dados da experiência à lógica interna que, em cada período, sustenta a teoria. Deste modo, ao trabalharmos as noções de método psicanalítico, também mapearemos as modificações do pensamento freudiano a elas vinculadas, desde o período pré-histórico da psicanálise (fase da ab-reação e do método catártico) ao estabelecimento da regra fundamental da situação analítica (o associar livremente como tarefa fundamental da análise).
Ementa: Investigação acerca da construção teórica e pratica de um método de ser fazer psicanálise. Discussão sobre o normal e patológico. Abordagem do método catártico à associação livre de ideias.
6. CONSTITUIÇÕES DO APARELHO PSÍQUICO
Com este módulo procuraremos apresentar um conjunto de temas relativos à psicanálise freudiana, visando organizar uma introdução histórica e epistemológica acerca dos fundamentos do aparelho psíquico. Queremos, com isso, oferecer uma introdução geral ao percurso de algumas das principais teses de Freud em torno da formulação do psiquismo inconsciente, desde o período mais difícil e exaustivo da psicanálise (o de sua constituição como disciplina autônoma) ao momento em que poderíamos chamar de nascimento da metapsicologia (o longo percurso desde a neurologia à formação da primeira tópica).
Ementa: Temas relativos à psicanálise freudiana. Introdução histórica e epistemológica acerca dos fundamentos do aparelho psíquico. Principais teses do Freud em torno do psiquismo inconsciente. Nascimento da metapsicologia.
7. CLÍNICA PSICANALÍTICA I: ESTRUTURAS CLÍNICAS: NEUROSE, PSICOSE E PERVERSÃO
Com este módulo mostraremos o quanto o discurso psicopatológico, em nossa contemporaneidade, ainda se apoia em uma dicotomia entre os fatores genéticos ou ambientais ou entre os fatores biológicos ou psíquicos. Uma clínica psicanalítica, sob tais condições, traria uma perspectiva moderna e ousada diante dos discursos hegemônicos da psiquiatria e da área médica. Com a nova teoria do aparelho psíquico empreendida por Freud, a clínica e a nosologia precisaram ser repensadas e é neste momento que o estudo da estrutura clínica sobre a neurose, a psicose e a perversão ofereceriam novos horizontes nosográficos. Serão as reflexões psicopatológicas de Freud e o material clínico que de sua atividade deriva é que tais horizontes puderam ser ampliados – eis o que desejaremos analisar.
Ementa: Clínica Psicanalítica. Estruturas da clinica. Estudo sobre a Neurose, Psicose e perversão. Abordagem sobre a perspectiva moderna e ousada de Freud, diante dos discursos hegemônicos da psiquiatria e da área médica.
8. CONCEITOS PRINCIPAIS II: TEORIA SEXUAL
Neste módulo veremos que, ao lado de A Interpretação dos Sonhos, os Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade fornecem as peças teóricas fundamentais ao conhecimento do ser humano, impactando as teorias sobre o que se entendia por normal e patológico e ampliando os debates em torno da organização da vida anímica de uma pessoa (singularidade) e a estruturação de uma coletividade institucionalizada (universalidade). Ao ampliar a investigação sobre a sexualidade para além das premissas fisiológicas e químicas – sem, no entanto, jamais desconsiderá-las –, Freud também expande as discussões da relação entre a sexualidade biológica e as neuroses (o próprio domínio da sexualidade encontrar-se-á ampliada para o campo cultural, moral, social, pedagógico, familiar). Mais uma vez, veremos o quanto os Três Ensaios nos insere na inevitável relação entre a organização da personalidade individual e a organização da vida coletiva, operando um salto do somático ao psíquico e deste aos registros da vida das massas e das intervenções sociais.
Ementa: Teoria da sexualidade. Analise das obras A Interpretação dos Sonhos, os Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade. Discussões da relação entre a sexualidade biológica e as neuroses.
9. COMPULSÃO E REPETIÇÃO NA PSICANÁLISE
Pretendemos, com este módulo, marcar a importância de um novo dado a ser colocado em evidência e na qualidade de objeto de estudo teórico e prático: a repetição. Na história do desenvolvimento desse conceito em Freud, a observação e a escuta clínica foram preponderantes. Freud percebe a modificação que o papel da recordação dos acontecimentos passados do paciente vai assumindo na relação terapêutica: o acontecimento passado, esquecido e recalcado, não é mais recordado, mas atuado, reproduzido como ação e, portanto, repetido de forma inconsciente na qualidade de um equivalente simbólico do desejo inconsciente sob a força de uma exigência pulsional – mas, plenamente motivado na atualidade. Por fim, verificaremos que esta repetição terá os seus efeitos, não só no âmbito das reflexões teóricas de Freud, mas também na técnica e na prática clínica, ampliando-a para além do enquadre e apresentando-se como força produtora na cultura.
Ementa: Compulsão e repetição na psicanálise. A clínica e suas descobertas. O efeito da repetição na técnica da psicanálise como também na prática da clínica.
10. OS GRANDES CASOS DA PSICANÁLISE
Neste módulo veremos como a clínica psicanalítica vai encontrando os seus fundamentos a partir do modo como Freud conecta as práticas do cuidado com as reflexões no campo da epistemologia: o método, a técnica e a teoria em seus desdobramentos à luz dos grandes casos clínicos (Dora, Homem dos Ratos, Homem dos Lobos, Pequenos Hans, Schreber). Detectaremos, a partir desse contexto, o Freud pesquisador e clínico sensível no desdobramento de questões de natureza técnica e reflexões de cunho ético, considerando os importantes desdobramentos políticos que atravessam tais temas. Enfim, ao analisar os principais casos clínicos relatados por Freud, queremos montar um cenário em que o gesto freudiano (técnica, método, metapsicologia) se dará como o modelo pelo qual uma escuta da singularidade se constrói e uma verdade do sofrimento psíquico se desvela e funda os alicerces da psicanálise.
Ementa: Abordagem dos casos clínicos de Freud. Encontro da clínica psicanalítica fundada a partir do modo como Freud conecta as práticas do cuidado com as reflexões no campo da epistemologia. Estudo do método, técnica e seus desdobramentos.
11. SEXUALIDADE E PULSÃO NA PSICANÁLISE
Um dos pilares da Psicanálise dedica-se ao estudo e observação das relações objetais, núcleo a partir do qual a manutenção do objeto vinculado ao fator sexual permitiu a Freud teorizar o que ocorre na primeira relação afetiva entre duas pessoas, transbordando os limites daquilo o que se entendia por sexualidade no início do século XX. A psicopatologia freudiana encontrará a sua base na sexualidade infantil, levando Freud a atravessar pela teoria da sedução (atravessar e não abandonar) até desenvolver com mais clareza a noção de Complexo de Édipo. Neste percurso, como procuraremos demonstrar, os conceitos metapsicológicos – sobretudo, o de pulsão – proporcionarão a Freud transcender a sexualidade biologizante para desdobrá-la em alteridade, enquadrando as teorias psicopatológicas, as relações objetais e a intersubjetividade no campo das diferentes funções vitais sobre as quais as pulsões encontram os seus destinos: da relação adulto-infans às transações incertas com o sexual infantil em e a partir do mundo vai se construindo historicamente.
Ementa: Sexualidade e pulsão. Observação das relações objetais, núcleo a partir do qual a manutenção do objeto vinculado ao fator sexual. Psicopatologia freudiana. Estudo do conceitos metapsicológicos – sobretudo, o de pulsão.
12. CLÍNICA PSICANALÍTICA II: A LINHAGEM FERENCZI/WINNICOTT E A CLÍNICA DO CUIDADO
Neste módulo abordaremos teorias de duas grandes figuras importantes para a psicanálise, Ferenczi e Winnicott. Além de abordarmos a linguagem dos dois teóricos, a investigação proposta aqui é também encontrar um ponto em comum entre os dois teóricos, que arriscamos nomear aqui como a clínica do cuidado. O modulo apresentado torna-se necessário, pois perceberemos um olhar novo para a clínica a partir das abordagens trabalhadas por Ferenczi e Winnicott.
Ementa: Clínica psicanalítica e outras vertentes teóricas. Abordagem clínica de Ferenczi e Winnicott. A clínica do cuidado. Ponto de encontro e os distanciamentos de Ferenczi e Winnicott e suas contribuições para a psicanálise.
13. FREUD E O PATRIARCADO
Este módulo mostrará o quanto uma parte da teoria psicanalítica põe em jogo uma forma de conceber o psíquico ou a subjetividade segundo o que chamaremos de enraizamento ontológico. Estes padrões discursivos (sob a pretensão de uma verdade sobre o Ser), como veremos, se constroem a partir de um modelo generalizado entre cultura, civilização e masculinidade. É deste modo que a Psicanálise colocará em seu centro sistemas teóricos tomados como dados, sem que se explore a legitimidade e a vigência desses modelos descritivos psicanalíticos – modelos historicamente ancorados nas inspirações originárias de Freud e em seus desdobramentos. Fica a questão: poderíamos vislumbrar modelos distintos? Eis aí a provocação que este módulo desejará atravessar.
Ementa: Feminismo e a psicanálise. Teorias freudianas lidas a partir de uma perspectiva feminista contemporânea. Abordar o quanto uma parte da teoria psicanalítica põe em jogo uma forma de conceber o psíquico ou a subjetividade segundo o que chamaremos de enraizamento ontológico.
14. OS DESLOCAMENTOS DO FEMININO: A MULHER FREUDIANA NA PASSAGEM PARA A MODERNIDADE
Este módulo parte do pressuposto de que a feminilidade e o sofrimento das mulheres são temas fundamentais na psicanálise contemporânea. Mas, fica a questão: “Como compreender a mulher, a sexualidade feminina e a feminilidade segundo os textos freudianos?”. A questão do gozo e do erotismo ligados ao feminino – e os obstáculos a eles vinculados – implicará em uma atenta investigação sobre o modo pelo qual a mulher habita o seu corpo e como ela simboliza a castração em uma sociedade ainda sexista. O tornar-se mulher, como veremos, se configura sob os imperativos da condição histórica do primado do desejo do homem e é nesse contexto que queremos percorrer com questões metapsicológicas, clínicas e sócio-políticas que envolvem a árdua elaboração de identificação da menina ao sexo biológico até a constituição da sexualidade feminina. Veremos, por fim, o quanto das constatações de Freud sobre o tema eram exatas e, ao mesmo tempo, profundamente datadas.
Ementa: Discussão da feminilidade a partir de uma ótica psicanalista. Compreensão da mulher, a sexualidade feminina e a feminilidade segundo os textos freudianos. A questão do gozo e do erotismo ligados ao feminino
15. CLÍNICA PSICANALÍTICA II: A LINHAGEM KLEIN/BION E A CLÍNICA DAS ANGÚSTIAS E DA INTERPRETAÇÃO
Falar de uma metapsicologia da angústia e da interpretação nos textos de Freud nos levará a percorrer o contexto histórico da formação da Escola Inglesa, destacando a figura de Melanie Klein e Bion. Klein reconheceu, desde o começo de sua prática clínica, a interpretação como sendo o instrumento essencial da psicanálise, mas revisitando e reelaborando muitas das teorias basilares de Freud. Do mesmo modo, Wilfred Ruprecht Bion, tendo feito análise didática com M. Klein, lidará com a interpretação sob um vértice específico, ainda que bem aproximado ao conceito de interpretação utilizada por Freud na última fase de suas obras (portanto, sob a primazia da noção de construção). Com este módulo, proporcionaremos as condições suficientes para que possamos compreender o modo pelo qual, a partir de Freud, Klein e Bion fundamentaram, a seu modo, os pilares teóricos, técnicos e éticos que sustentam estas duas noções tão primordiais para a psicanálise: a interpretação e a angústia.
Ementa: Clínica psicanalista. Linguagem de Klein e Bion. Olhar de uma clínica tendo a angústia e a interpretação como chaves de leitura. Relação entre Freud, Klein e Bion.
16. FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE II: INTRODUÇÃO A LACAN
Dentre as várias possibilidades de contextualizar esse genial autor para a história da recepção dos textos freudianos destacaremos, como ponto de partida deste módulo, as críticas que Jacques Lacan dirige à Escola Norte-Americana da chamada Psicologia do Ego – e isso por considerar que essa escola estaria deturpando o verdadeiro espírito da psicanálise. É neste momento que Lacan marca a história de um retorno a Freud, inaugurando o campo de uma discursividade que recoloca questões epistemológicas fundamentais de Freud em outros vértices. Se a psicanálise, na contemporaneidade, volta a entrar em cena no debate intelectual com outras áreas de saber (Filosofia, Antropologia, Psiquiatria, Psicologia, Estruturalismo, Linguística), a leitura de Lacan mostra a força de um pensador que soube explorar sistematicamente os impasses de seu tempo, abraçando a causa freudiana e promovendo um necessário retorno a Freud que faz história: mas afinal, o que entender por inconsciente? Uma questão que procuraremos desvendar iluminado por este retorno lacaniano a Freud.
Ementas: Fundamento da psicanálise a partir de uma abordagem lacaniana. Introdução a Lacan. críticas que Jacques Lacan dirige à Escola Norte-Americana da chamada Psicologia do Ego. Retorno aos conceitos freudanos a partir da leitura de Lacan.
17. A ESCOLA DE LACAN
Começaremos este módulo com a seguinte questão: “Por que o termo Escola? Procuraremos mostrar que este termo serve para designar um agrupamento sustentado por elementos identificatórios de pertinência grupal. Todavia, falar em “Escola de Lacan” requer algumas revisões, pois o uso de tal termo privilegiará a relação com o saber e sua forma objetivada, sobretudo quando resgatamos a noção de “retorno a Freud” realizada por Lacan. Procuraremos, portanto, compreender a virada que opera Lacan a partir de suas críticas à IPA: não se falaria mais em formação do analista, mas na formação do inconsciente, articulando teoria, clínica, instituição e política. Lacan vai além dos tradicionais modelos da teoria freudiana sobre a formação de grupos e é isso que desejamos investigar aqui.
Ementa: Escola de Lacan. Por que o termo Escola? Compreender a virada que opera Lacan a partir de suas críticas à IPA. Formação do inconsciente. Articulando teoria, clínica, instituição e política.
18 O INCONSCIENTE ESTRUTURADO COMO LINGUAGEM
Como veremos neste módulo, Lacan sublinha cada vez mais a originalidade do conceito de inconsciente elaborado por Freud, assinalando de que se trata muito mais do que algo oposto à consciência. Do mesmo modo, em seu “retorno a Freud”, observaremos a insistência de Lacan em convidar o seu leitor a compreender que o inconsciente é mais do que uma estrutura a ser equiparada com o material reprimido, considerando-o apenas como sendo a sede dos instintos – uma crítica às leituras biologizantes do campo freudiano. É neste contexto que procuraremos mostrar que o inconsciente em Lacan não será nem primordial e nem instintual, mas primariamente linguístico, ou melhor, primariamente estruturado como linguagem. Eis aí o objetivo principal deste módulo.
Ementa: O inconsciente estruturado como linguagem a partir da perspectiva de Lacan. Retorno a Freud a partir da abordagem de Jaques Lacan. Crítica às leituras biologizantes do campo freudiano.
19. DIREÇÃO DA “CURA”: FUNDAMENTOS TEÓRICOS E CLÍNICOS
Neste módulo procuraremos refletir sobre o que deveríamos entender por tratamento, bem como saber sobre a sua finalidade e qual seria a sua duração. Por meio destas questões, veremos a presença de um Freud que, em sua prática teórica e clínica, é atravessado por permanentes interrogações sobre a validade de seus conceitos e diagnósticos: a psicanálise se sustenta pela indagação constante sobre a lógica e a praxis que a sustenta. Todavia, os fundamentos teóricos-clínicos sobre a noção de cura em psicanálise – a serem trabalhados neste módulo – não oferecerão um modelo de “boa psicanálise” em detrimento de outras, apenas procuraremos disponibilizar as condições para que melhor compreendamos o contexto da origem da psicanálise (uma ciência ainda em construção) sobre o tratamento das histerias, das fobias e das neuroses obsessivas. Precisaremos, a partir disso, trazer à tona algumas noções inevitáveis ao entendimento teórico e clínico dos métodos e das técnicas mobilizadas pelo tratamento psicanalítico: o conflito Eu-Pulsões, o recalque, as forças repressoras (internas e externas), a escrupulosidade da consciência moral, o desenvolvimento do Complexo de Édipo e a noção de sintoma. Afinal, como concluiremos, trata-se de um estudo sobre a eficácia da cura na psicanálise e uma eficácia que, historicamente, abre caminhos para novas abordagens e renovadas soluções às formas patológicas (ou tratadas com tais) em nossa contemporaneidade.
Ementa: Fundamentos da teoria e da clínica psicanalítica. Finalidade da Clinica, seu tratamento e duração. Fundamentos teóricos-clínicos sobre a noção de “cura” na psicanálise. Eficácia da clinica.
20. AMOR E DESEJO EM LACAN
Para a psicanálise de Freud, o amor descreve o movimento do eu na direção do objeto para além da relação de puro prazer, seu caráter é da restituição e deslocamento de um amor primário e narcísico. O desejo, por sua vez, na teoria freudiana, é caracterizado pela busca de um objeto perdido de satisfação. Na psicanálise de Jacques Lacan, a ideia de desejo parte da tradição filosófica e expressa cobiça ou tensão que tendem a se satisfazer no absoluto, isto é, fora de qualquer realização de um anseio ou de uma propensão que envolva objeto. O amor, ao mesmo tempo que dado na e pela condição de alienação do sujeito, funda e separa o desejo do mesmo. O desejo do sujeito é dividido pelo significante e submetido à linguagem, e se funda nessa divisão do sujeito lacaniano que instaura o Outro como lugar do desejo e reflete o Eu como objeto de amor. Nesta perspectiva, é possível acompanhar o desenvolvimento da teoria lacaniana e buscar entender a lógica e estrutura que relacionam a dinâmica entre amor e desejo, como compreender seu caráter de negatividade, de ser-em-falta do sujeito do inconsciente. Esse percurso permitirá aprofundar e revisitar a afirmação do criador da psicanálise, de que a psicanálise é uma cura pelo amor.
Ementa: Estudo acerca do conceito de amor e desejo na obra lacaniana. Estabelecer uma ligação entre a obra de Freud e os avanços que Lacan propicia a psicanálise no que se refere a concepção do conceito de desejo e amor. Discutir os fenômenos da contemporaneidade a luz da leitura de Lacan sobre a questão do amor.
21. PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA I: INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO PSICANALÍTICO ACERCA DA IDEIA DE PSICOPATOLOGIA
Neste módulo, compreenderemos como a psicanálise entende as psicopatologias. Para isso abordaremos a formação dos sintomas, mecanismos de defesa, a nomenclatura e a descrição dos principais quadros psicopatológicos descritos por Freud, à saber: neurose de angústia, neurose fóbica, neurose obsessiva, neurose traumática, conversões, perversões e melancolia. Por fim, realizaremos um contraponto com as descrições psicopatológicas contemporâneas, descritas no DSM-V, a fim de melhor contextualiza-las além de realizarmos uma análise crítica das mesmas.
Ementa: Estudo sobre a psicopatologia a partir do viés psicanalítico. Introdução a ideia de psicopatologia. Abordagem dos sintomas e investigação sobre os mecanismos de defesas. Principais quadros psicopatológicos descrito por Freud. Uma discussão sobre o DSM-V.
22. PSICANÁLISE E HISTÓRIA
Procuraremos demonstrar que o campo da história da psicanálise pode ser visto para além da dicotomia entre psicanálise e historiografia. Com isso, veremos que a contextualização histórica da psicanálise implantaria uma força crítica ao relacionar teorias e técnicas com as realidades sociais, econômicas e culturais em que se originou e no contexto de sua recepção por diferentes países e culturas. No entanto, eis o foco principal deste módulo, essas abordagens correriam o risco de reduzir ou perder a especificidade de seu objeto em questão. Como possível esboço de solução a essa problemática, buscaremos propor uma concepção de contextualização combinada a uma sociologia do movimento psicanalítico e uma antropologia dos dispositivos e das práticas epistêmicas e terapêuticas, articulando uma história coletiva com uma história concreta da psicanálise.
Ementa: Leitura a respeito de como a psicanálise acontece na história. Contextualização da história da psicanálise e o surgimento de abordagens que corroboram com seu avanço e difusão. Contextualização combinada a uma sociologia do movimento psicanalítico e uma antropologia dos dispositivos e das práticas epistêmicas e terapêuticas. Articulando uma história coletiva com uma história concreta da psicanálise.
23. FEMINISMO E PSICANÁLISE
Com este módulo procuraremos investigar as principais questões referentes aos diversos feminismos marginalizados e negados como sujeitos políticos. Ao nomear as opressões de raça, classe e gênero, problematizamos os marcos civilizatórios e os modelos de sociedade que produzem formas diversas de dilaceramento psíquico e escassez material. Caber-nos-á a tarefa de problematizar os sistemas epistemológicos e ontológicos que visam sustentar a hegemonia (aparente) de um discurso de gênero que hierarquiza o feminino frente às categorias de masculino. Diante da construção de opressoras formas de subjetivação e discursos identitários, a psicanálise nos servirá, neste módulo, como um instrumento teórico, prático e ético capaz de proporcionar um espaço de subversão a esta violenta ideologia identitária e a esses esmagadores jogos de poder. Segue daí o nosso desafio para este módulo.
Ementa: Proposta de uma leitura feminista da psicanálise. Investigar as principais questões referentes aos diversos feminismos marginalizados e negados como sujeitos políticos. Problematizar os sistemas epistemológicos e ontológicos que visam sustentar a hegemonia (aparente) de um discurso de gênero que hierarquiza o feminino frente às categorias de masculino.
24. RACISMO E SEXISMO COMO SINTOMAS DA CULTURA
Este módulo propõe uma reflexão sobre o modo como uma cultura e a ordem inconsciente a ela vinculada pode estruturar uma neurose cultural, tendo o racismo e o sexismo como sintomas. Para o bom entendimento do mecanismo de formação desse sintoma, recuperaremos a categoria freudiana de denegação (Verneinung), pelo qual desejos, pensamentos e sentimentos apontam para defesas manifestas no campo social (mobilizando tanto o racismo quanto o sexismo, sejam eles abertos ou disfarçados). Além da categoria de denegação, verificaremos o quanto do processo de identificação (do dominado com o dominador, por exemplo) assumem um preponderante papel na maquinaria das neuroses e das relações sociais em uma cultura, produzindo efeitos violentos e intensos sofrimentos psíquicos. Veremos, por fim, quais propostas a psicanálise poderia nos oferecer enquanto possibilidade de se resgatar a autonomia daquele que se encontra despotencializado na vida social e, por consequência, também em sua vida privada.
Ementa: Reflexão sobre o modo como uma cultura e a ordem inconsciente a ela vinculada pode estruturar uma neurose cultural. Entendimento do mecanismo de formação desse sintoma, recuperaremos a categoria freudiana de denegação (Verneinung).
25 METODOLOGIA CIENTÍFICA
Nesta disciplina, realizaremos uma introdução sobre os métodos de pesquisa em psicanálise, especialmente, voltados para artigos. O objetivo, portanto, do módulo é apontar para a importância da implicação do desejo do pesquisador para a escolha do tema. Bem como construir uma visão crítica da pesquisa em psicanálise em contraponto com o modelo científico tradicional. Partiremos das diferentes formas de pesquisa, escolha dos materiais e formas de documentação pessoal: fichamentos, resumos, resenhas. Como transformar essa documentação pessoal e um texto com coerência e coesão, com todos os elementos e normas da ABNT, também será trabalhado e orientado para que os alunos elaborem as próprias pesquisas. Finalmente, apresentaremos as diferentes possibilidades de publicação, o sistema de classificação dos periódicos, incentivando a participação dos alunos tanto em publicações científicas, livros, como em eventos da área.
(ECO, 2016; MEZAN, 1998; SANTOS, 2008; SEVERINO, 2002; SILVA, 1993)
Ementa: Introdução sobre os métodos de pesquisa em psicanálise. Metodologia cientifica para elaborar um texto. Escrita científica.
26. RECEPÇÃO DA PSICANÁLISE NO BRASIL
O módulo apresentará reflexões acerca da possibilidade de uma sistematização histórica da recepção filosófica da psicanálise, identificando e discutindo a literatura específica sobre o tema, registrando iniciativas institucionais importantes e concernentes ao campo de pesquisa em filosofia da psicanálise no Brasil. Com isso, veremos que a recepção filosófica brasileira da psicanálise deverá se interrogar a respeito de sua relevância histórica também para outros continentes.
Ementa: Recepção da psicanálise no Brasil. Sistematização histórica da recepção filosófica da psicanálise. Identificação e discussão da literatura especifica da psicanálise e sua difusão no Brasil.
27. PSICANÁLISE E A ARTE
Ao resgatarmos o contexto de Viena da época de formação de Freud, veremos que o problema da beleza surgia como um vértice constante da vida intelectual e cultural de seu contexto. Ao lado dessa estética, o cultivo da interioridade psicológica ganhava forma desde os meados do século XIX, de modo que a vida individual se formava sob os efeitos de uma sensibilidade estética. Assim, nos daremos conta de que Freud também pode ser compreendido em seu enraizamento nos aspectos sócio-históricos, religiosos e políticos de sua época, bem como sob os aspectos formais da cultura e da vida estética que atravessaram os seus anos de formação: as artes, a literatura, a filosofia e outros. Ainda que Freud apreciasse profundamente as obras clássica e se distanciasse do contexto artístico e literário da Viena de sua época, não podemos desconsiderar que o tema Psicanálise e Arte representa a própria sensibilidade estética de um pensador fruto de seu tempo. É a partir de tais considerações que procuraremos mapear a construção do paradigma estético de Freud, envolvendo alguns de seus mais marcantes posicionamentos teóricos: Unheimliche, fantasias, inconsciente, sublimação e outros
Ementa: Psicanálise e a arte. Abordagem e a relação de Freud com a arte, a literatura e a filosofia. Paradigma estético Freudiano.
28. ANGÚSTIA, MEDO E SUSTO ENTRE KIERKIEGAARD E FREUD
Neste módulo buscaremos aprofundar o conceito de angústia, medo e susto presentes tanto na filosofia de Kierkiegaard como de Sigmund Freud. Neste percurso tentaremos estabelecer as semelhanças entre os conceitos e suas diferenças, se é que existem. Supostamente os dois pensadores jamais tiveram contato um com o outro, entretanto, os conceitos aqui salientados se complementam um na teoria do outro. O módulo será guiado, portanto por perguntas como, o que é angústia, medo e susto segundo Kierkiegaard e Freud? Existe semelhança entre as descrições dos dois filósofos? Estes conceitos tão caro a psicanálise é possível ter sido desenvolvidos primeiro pelo filosofo dinamarquês? Freud se aproxima e aprofunda as teorias kierkiegaardiana ou há uma mera coincidência na descrição dos conceitos?
Ementa: Investigação do conceito de angústia, medo e susto. Estabelecer uma possível relação conceitual entre Freud e Kierkiegaard. Semelhança entre as descrições dos dois filósofos.
29. APRESENTAÇÃO DE UM ARTIGO CIENTÍFICO
Ementa: Apresentação do artigo científico.
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